O celular como uma ferramenta na educação

março 7, 2019 6:35 pm

No dia 05 de agosto de 2018, muitas pessoas foram surpreendidas com uma notícia no Fantástico (Programa televisivo da Rede Globo) que trazia a informação de que na França foi aprovada uma lei que proíbe os alunos de levarem celulares para as escolas. Mais surpresa ainda para alguns, foi a enquete trazida pelo programa onde apontava que 80% dos brasileiros também gostariam que tivesse a mesma lei aqui.

A mim não houve surpresa, considerando que a maior parte das pessoas que assistem ao programa são maiores de 30 anos de idade e maioria pais e mães que gostariam de restringir o uso do celular dos filhos, não só na escola, como também em casa e não conseguem fazê-lo. A dificuldade dos pais em querer que os filhos tenham outros interesses que não só o celular e o videogame é gigantesca e impossível de competir com esta atenção.

No mundo sempre torcemos para que os avanços acontecessem e trabalhamos para isto, agora mais uma vez querem que as escolas continuem na contramão deste processo tão sensacional que estamos vivendo que é a era tecnológica?

No mesmo programa alguns minutos antes tivemos uma outra reportagem falando da inteligência artificial e o quanto estamos evoluindo. Falou-se também o quanto os avanços estão sendo importantes para o mundo. As duas reportagens tinham tudo haver.

O que queremos que nossos filhos saibam? Qual será a sua profissão? Será que no futuro teremos empregos que não necessitarão do uso das tecnologia, se hoje já não nos vemos mais sem ela? Então porque tirar dos alunos? Porque os alunos e professores não podem utilizar os celulares em salas de aula para que as aulas sejam mais interessantes? Porque não usamos os celulares como nossos aliados?

Talvez porque muitas pessoas inclusive professores ainda não conseguem lidar com tanta tecnologia? Ou também pelo medo de que seus alunos saibam mais e busquem as respostas em seus celulares de forma tão imediata que não dê tempo do professor terminar sua explicação e ele já leu a informação e os exemplos, inclusive.

Até quando teremos pessoas achando que as coisas não vão mudar? Já podemos sim ver professores sendo substituídos em sala de aula (nos ensinos EAD). Alguns diriam, não é a mesma aprendizagem. Será? Talvez seja até melhor. Sabe porque? Porque depende do aluno, do profissional que ele pretende ser.

Já vi professores com mestrado que não sabem dar aula, assim como já vi professores sem pós-graduação dando um verdadeiro show em sala de aula. A diferença entre eles é o desejo, o dom, o querer fazer melhor, a habilidade e competências desenvolvidas ao longo de sua jornada de vida e de história e não somente a jornada acadêmica. Passamos da área do conhecimento e não basta mais só isto. É necessário novas habilidades e competências para enfrentar os desafios do mundo de hoje.

Estou dizendo tudo isto, porque os pais e professores precisam se adequar a esta nova realidade e nova forma de ensinar, precisam entender que temos alunos do século XXI e não podemos seguir dando aulas como no século IX e XX. Os pais não podem acreditar que seus filhos irão aprender da mesma forma que eles, são pessoas de outro século. Temos muitos desafios pela frente e não podemos partir para proibição por medo de enfrentá-los.

Precisamos que os alunos queiram ir para escola, se encontrem nela, se vejam como parte dela, vejam sentido no seu aprendizado, contribuam para o desenvolvimento da mesma.

É necessário que os professores estejam engajados e preparados para lidar com este aluno digital e aprender a ser digital também. Não podemos pensar que as proibições irão ajudar, devemos nos aliar aos novos modelos, devemos trazer para dentro da sala de aula tudo aquilo que faça sentido para os alunos, devemos ter a tecnologia como principal instrumento de aprendizagem.

Não podemos simplesmente partir para proibição quando não sabemos lidar com as coisas. A proibição do uso do celular será um retrocesso na educação e para toda comunidade, basta lembrarmos das proibições históricas que não nos levaram a nada.

No meu entendimento como diretora de escola e apaixonada pela educação e pelas mudanças, devemos debater e fazer negociações com as pessoas para que todos de forma responsável, possam contribuir e cocriar de forma criativa para melhoria e benefícios de novos projetos educacionais, estando neste contexto todas as pessoas, inclusive os alunos, que são parte de todo este processo encantador que nos desafia diariamente.

Após a leitura deste texto, faça as seguintes perguntas:

  • O que eu quero para o futuro do meu filho?
  • Que emprego ele terá quando adulto? O que ele fará?
  • Este emprego terá tecnologia?
  • O que meu filho precisa realmente saber? E como a escola esta trabalhando isto?
  • A escola em que ele estuda está acompanhando as mudanças e os avanços que ocorrem?

Prepare seu filho para aquilo que ele quer ser e não aquilo que você quer, desta forma você estará preparando alguém para vencer.